Hospital do Barreiro 100% SUS, 10% de atendimento
Ousado e corajoso não é o prefeito de Belo Horizonte ao
construir e inaugurar um hospital 100% SUS, disponibilizando à população
somente 10% de sua capacidade de produção. A ousadia está na tática
oportunista e eleitoreira da prefeitura em chamar a população de Belo
Horizonte, no aniversário de 118 anos da cidade e expor ao ridículo a
comunidade barreirense, já que o hospital está em nossa casa.
O secretário municipal de saúde falou do conselho de
administração do hospital, no entanto pouco disse do Controle Social,
que, a título de informação, teve uma participação pouco expressiva na
fala do presidente do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte que
se preocupou mais em referendar os atos da prefeitura do que partilhar
com os parlamentares que o Controle Social do Barreiro, em especial os
Conselheiros de saúde e o Conselho Distrital de Saúde, tiveram papel
fundamental no acompanhamento das obras do Hospital Dr. Célio de Castro.
Coube ao prefeito da capital avisar aos convidados que a ideia de
construção do hospital foi originalmente engendrada nos encontros com as
Lideranças do Barreiro, ressaltando o espírito de luta deste povo no
trato com a política social.
Como era esperado, a inauguração do Hospital do Barreiro
contou com a participação significativa de parlamentares, já que se
tratava de uma vitrine importante para qualquer candidatura que se
preze. O falatório foi comedido, mas os flashes, abundantes.
Personalidades escolhidas a dedo tiveram direito à fala. O secretário
estadual de saúde, quando de sua participação, garantiu a parceria do
estado e da união na manutenção do Hospital do Barreiro.
Falhas acontecem, no entanto algumas imperdoáveis, como a
falta de cortesia da organização do cerimonial em não convidar a Gerente
do Conselho Distrital de Saúde Barreiro e a Presidência do Conselho
Distrital de Saúde do Barreiro para comporem a mesa, o que seria um
gesto de grandeza no reconhecimento do trabalho desta instância,
representados, respectivamente, pela Gerência e pela Presidência do
Conselho, no entanto se pautaram em convidar parlamentares pouco
expressivos para fazerem parte da mesa e ter direito à fala naquele
momento.
O senador e então governador do estado, quando do
lançamento da pedra fundamental, esteve presente e lembrou os momentos
por que passou o prefeito na construção do Hospital do Barreiro, cordial
e politicamente, tratou o chefe do executivo sem parcimônia e com zelo
nos elogios de sua administração, um discurso político de campanha pouco
producente, mas que arrancou aplausos do público.
O Hospital Metropolitano Doutor Célio de Castro,
reconhecidamente Hospital do Barreiro (que irá atender os barreirenses, a
cidade de Belo Horizonte e municípios da região metropolitana), cujo
orçamento teve um adicional de 185 milhões de reais para sua conclusão,
passou por momentos difíceis desde o início de sua construção, terá
capacidade para 449 leitos, no entanto somente 47 estarão disponíveis a
partir da inauguração, um atendimento baixíssimo e frustrante para a
população do Barreiro.
O prefeito de Belo Horizonte fez questão de lembrar da
frente política que o elegeu chefe do executivo da capital em 2008,
mencionou as pessoas que fizeram parte da gestão, cometendo uma gafe ao
falar do atual presidente da FHEMIG, lamentando por "ele não mais estar
entre nós", falhas de memória acontecem, estas são perdoáveis.
Há coragem e ousadia, senão da gestão, pelo menos na fala
do prefeito, como a adoção do SSA (Serviço Social Autônomo) na
administração do Hospital do Barreiro, que, à guisa de esclarecimento, é
uma forma disfarçada de privatização, fragiliza a relação de trabalho
dos funcionários contratados que serão admitidos via concurso público,
mas regidos pela CLT, sem estabilidade no serviço e sempre à mercê do
administrador público. O prefeito anunciou a modalidade de administração
sem nenhum receio de que seja interpretada como privatização da saúde, ou constrangimento de estar ferindo o direito de trabalhadores.
No sistema SSA a saúde é uma atividade de interesse
público, no entanto, não integra a administração pública, a participação
da prefeitura é somente para incentivar a iniciativa privada na
captação de recursos para sua manutenção (leia matéria pautada em
setembro de 2014 http://msbarreiro.blogspot. com.br/2014_09_01_archive.html ).
Embora a participação do Controle Social sofra restrições
por parte do sistema SSA, a saúde não ficará fragilizada no Hospital do
Barreiro, os Conselheiros de Saúde (verdadeiros guerreiros voluntários
da saúde!) estarão de prontidão para fiscalizar, propor e corrigir
eventuais descarrilamentos que possam ocorrer na administração da saúde
no hospital.
Rômulo Venades
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