PPR - Participação Popular Restrita
A
Prefeitura Municipal iniciou uma nova rodada de apresentação do PPR
Planejamento Participativo Regionalizado à população de Belo Horizonte. No dia
primeiro de dezembro foi a vez da regional Barreiro, Território 3.
O
objetivo é levar à população o planejamento da cidade, segundo a ótica da
Secretaria de Gestão Compartilhada. A secretaria não veio substituir o OP
Orçamento Participativo, é o samba de uma nota só nas reuniões da gestão, no
entanto o espaço reservado ao programa implantado na capital mineira é exíguo e
pouco expressivo, não propiciando o amadurecimento do programa de participação
popular.
Verticalizando
a apresentação, a Secretaria manteve-se na zona de conforto, não permitindo o
confronto de ideias e a participação direta do povo, a dinâmica de apresentação
do PPR foi engessada, centralizadora e, por vezes, tediosa. A interação povo e
gestores foi pouco producente, já que não permitiu uma satisfatória troca de
experiências. Faltou entusiasmo, na melhor acepção da palavra, na
apresentação, o que uns chamariam de feeling, dir-vos-ia, faltou
inspiração ao condutor do processo.
O
distanciamento provocado pela organização não privilegiou a manifestação
popular, outrossim, um clima de alijamento foi perpetrado aos manifestantes. A
única maneira de fazer questionamentos na assembleia foi por meio da escrita,
não permitindo a manifestação oral. A escrita surgiu na vida do homem como
forma de armazenar dados, de preservar sua história, portanto a articulação das
palavras, a expressão oral deve prevalecer sobre esta forma de registro do
cotidiano, por mais importante que seja o escrever, o dom de ouvir e a
capacidade de dialogar devem predominar como meio de interação entre as
pessoas.
A
Secretaria de Gestão Compartilhada solicitou às Lideranças comunitárias que
convidassem a população para participar de um evento da PBH, no entanto calou a
voz destas Lideranças ao negar-lhes o direito de fala, lembrando que o Líder
comunitário é referência no meio do povo, se ele não aparece não é visto, se
não é visto não será lembrado e se não for lembrado, estando no meio do povo
(agradecendo de própria voz a sua participação), poderá não ser atendido em
outra convocatória.
O
que se depreende dos acontecimentos desta noite é a máxima sempre contestada
por administrações neoliberais, por mais que se reclame, que se conteste, as
gestões que permitem a livre manifestação popular em assembleias, encontros,
seminários são as de cunho sociais, cuja administração, para governar, opta por
ouvir diretamente sua população.
Se
“Belo Horizonte estimula e investe na participação cidadã na gestão do
município”, falhou a gestão ao não permitir que o povo soltasse a voz e fizesse
seus questionamentos, além disto, perdeu a oportunidade de permitir que seus
próprios representantes, como saúde, educação, cultura, administração ali
presentes pudessem responder diretamente aos anseios do povo.
A
Participação no Planejamento deve privilegiar a voz do povo, destarte, nos
encontros, deixe o povo se manifestar, deixe o povo falar, mas que haja
diálogo, pois se aos orientais o silêncio é uma forma de interação entre as
pessoas, para os ocidentais é sinônimo de falha na comunicação.
Rômulo Venades
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