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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O OP de ontem e de hoje não pode ser o de amanhã!

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A real necessidade de reestruturação do Orçamento Participativo

Os anos de 2009 e 2010 foram árduos para Secretários de Administração Municipal das Regionais de Belo Horizonte, bem como para os Gerentes do Orçamento Participativo, pois foram anos de quase inércia na execução de obras conquistadas no Orçamento Participativo de anos anteriores. Veementemente cobradas por suas comunidades as Lideranças comunitárias não raras vezes bateram às portas de suas regionais solicitando respostas sobre o início de suas obras.

A confraternização de final de ano da Comforça e o executivo Municipal se deu no dia 16 de dezembro no Centro de Referência de Resíduos, bairro Esplanada.

Os representantes do executivo: Secretário de Políticas Urbanas Murilo Valadares, Secretário de Planejamento Helvécio Magalhães e o Prefeito Márcio Lacerda falaram das obras conquistadas no  OP 2011-2012, tentaram justificar a falta de execução de obras de anos anteriores e mencionaram estratégias para o ano de 2011, além de mencionarem a criação da Comforça Municipal.

Cabe lembrar que a Comforça Municipal de Belo Horizonte passou a existir de direito em 2010, todavia, ela já existia, embrionariamente, de fato, a cerca de quatro anos, pois em 2008 foi protocolado com o então candidato à prefeitura de Belo Horizonte, o senhor Márcio Lacerda, um documento propondo reestruturação do Orçamento Participativo e, além do reconhecimento da Comforça Municipal, a criação de uma página da internet, bem como de jornal específico para divulgação das obras do Orçamento Participativo (veja a íntegra do documento em http://comforcamunicipal.blogspot.com/2010/01/membros-das-comforcas-barreiro-pampulha.html ).

Diversas foram as propostas da Comforça Municipal apresentadas ao senhor Márcio Lacerda, no entanto vamos ressaltar três pontos fundamentais do documento, quais sejam: primeiro, o envio por parte do executivo, à câmara de vereadores, de proposta para transformar o OP em Lei, garantindo às comunidades a permanência definitiva da democracia participativa na gestão da coisa pública em Belo Horizonte. Não se pretende engessar o OP, mas dar condições às comunidades de elegerem as obras que julgarem prioritárias para suas regiões, além de garantir que o OP deixe de ser moeda de troca em anos de eleições.

Segundo, propiciar o estreitamento de relações entre o planejamento e as Lideranças comunitárias. Se as Lideranças pensavam que no OP 2009/2010 as obras estavam super valorizadas, escandalizaram-se com os valores apresentados no OP 2011/2012. É necessário que a Comforça e o planejamento estejam juntos para discutir a cidade de Belo Horizonte. A visão que se tem atualmente da administração em Belo Horizonte, é a prefeitura sendo uma casa, cuja janela está voltada para a rua e debruçada sobre ela está o planejamento, que observa o que se passa na rua e nas avenidas e, partir de uma visão aérea, toma as decisões que julga apropriadas para toda comunidade. Lá embaixo estão as Lideranças que caminham pelas avenidas, ruas e becos e olham para esta janela na esperança de que possam ser vistas e que um dia sejam chamadas para participar do planejamento de suas próprias vidas. O distanciamento entre o planejamento e as Lideranças comunitárias tem desgastado a participação popular nas edições do Orçamento Participativo, há que se pensar em dinamizar esta relação, pois o movimento popular não mais se contenta somente em participar e assentir com os ditames do executivo, a hora é de propor mudanças e planejar sua execução.

Terceiro ponto, temos que criar um instrumento de atualização dos valores destinados ao Orçamento Participativo. Atualmente o reajustamento de valores é de acordo com a vontade do chefe do executivo e isto não pode perdurar, precisamos vincular o reajustamento dos valores destinados ao OP ao PIB municipal. E deve-se definir um índice para o OP Presencial, outro para o OP Digital e um terceiro para o OP Habitação. Os valores atualmente destinados a estes programas são pífios e não correspondem à realidade de nosso município, haja vista o número de reclamações ocorridas em nossas regionais e os problemas observados em nossa cidade quando se fala em moradia.

Quanto ao encontro do dia de hoje, o desrespeito para com os participantes foi a bola da vez. O Centro de Referência de Resíduos é extremamente fora de mão, pois é de difícil acesso, atravessa-se a cidade em pleno horário de pico sendo que o trânsito em Belo Horizonte está a cada dia mais conturbado. Os expositores não apresentaram nenhuma novidade. O que foi apresentado pelos senhores gestores não diferiu em nada de tudo o que já era sabido por todas as Lideranças. O que era para ter sido uma confraternização foi finalizado com um “boa noite a todos e obrigado pela presença” e tiau! Esperava-se uma aproximação entre Lideranças de diversas regionais, afinal era a Comforça Municipal! Esperava-se uma aproximação com o executivo belohorizontino, afinal era a confraternização entre a Comforça, o Prefeito e seus secretários! Afinal de contas sabemos todos que as melhores reuniões se dão após a reunião principal! Mas não! Nada disto ocorreu... quando todos foram dispensados, na saída, haviam plaquinhas (e Belo Horizonte adora plaquinhas!) que descreviam cada regional. Cada um deveria procurar a plaquinha de sua regional para, supostamente, pegar um lanche, pois afinal de contas já eram nove horas da noite, estávamos no ônibus desde as seis e meia, sem contar os companheiros que vieram diretamente do trabalho para participar da festa da democracia participativa. Ledo engano, cada um pegou uma latinha de refrigerante e nada mais. Nem biscoitinho pedagógico havia para agradar aos participantes e convidados da Prefeitura de Belo Horizonte para a festa de confraternização dos delegados e Comforças do Orçamento Participativo.

Desrespeito, desorganização, falta de estrutura fechou o ano e corroborou todo o processo do Orçamento Participativo de 2010.

Resta a pergunta: Por quê? Onde falhou? Quem deveria responder pela (des)organização? Em outro momento fiz uma reflexão sobre Os Rumos do Orçamento Participativo em Belo Horizonte (http://msbarreiro.blogspot.com/2010/08/quais-os-rumos-do-orcamento.html) e o problema da estruturação e a necessidade de se reestruturar o processo do Orçamento Participativo.

Um gestor público, em sã consciência, jamais dirá que vai acabar com o Orçamento Participativo, mas aos poucos pode minar a participação popular e, com isto, o OP cairá no desgosto popular e entrará em desuso. A falta de execução de obras, a falta de estrutura para receber as comunidades, a falta de verbas para as obras de iniciativa popular trazem o desestímulo às comunidades, e a participação em movimentos populares e o controle social tem sido alvo de esvaziamento contínuo. Preocupa-nos mais o esvaziamento de sentido do que o esvaziamento físico nos movimentos populares, já que este é oriundo de causas diversas que podem ser contornadas, mas aquele é de natureza intuitiva e de empobrecimento do ímpeto participativo.

A cada dia percebemos a necessidade de reestruturação deste instrumento tão caro ao gestor público e tão importante para as comunidades de Belo Horizonte: O Orçamento Participativo!

Vamos reverter este quadro?

Rômulo Venades

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A reunião Ordinária da CRTT é na Terceira Segunda Feira de cada mês.
A reunião Ordinária do CONSELHO DISTRITAL DE SAÚDE é na Primeira Segunda Feira de cada mês.


Sugerimos aos Companheiros que leiam atentamente as Atas da CRTT, nelas constam solicitações e andamento de obras de cada Sub-região.


Foram inaugurados no dia 18 de junho de 2008 o CEM (Centro de Especialidades Médicas) Barreiro, além dos Centros de Saúde do Vale do Jatobá e Independência.