Arte do atlântico negro ganha exposições em Betim

Arte do atlântico negro ganha exposições em Betim

Esculturas, desenhos e pinturas de artistas betinenses farão parte da 1º Exposição Kizomba de Arte da cidade. A mostra poderá ser vista no Museu Paulo Araújo Moreira Gontijo e na Biblioteca Municipal Leonor Aguiar, em Betim. A abertura da exposição dos escultores será realizada no Museu, no dia 10, a partir das 19h30. Os desenhos e pinturas estarão expostos na biblioteca a partir do dia 17, também com início às 19h30. A entrada é gratuita. A 1º Exposição Kizomba de Arte faz parte da comemoração do Dia Nacional da Consciência Negra.

A diáspora dos negros, a valorização da cultura negra e histórias como a de Luzia - o fóssil humano mais antigo encontrado nas Américas, com mais de 11 mil anos -, são temas tratados na exposição. O crânio feminino foi descoberto no início dos anos 70, em Lagoa Santa, região metropolitana de Belo Horizonte, por uma expedição arqueológica franco-brasileira. Algumas imagens do desenhista e pintor Marsell (VerTer), que compõem a 1º Exposição Kizomba de Arte, acendem a memória coletiva desse imaginário do passado. “Na série ‘Fenotopos’, evoco a imagem da mulher negra para remontar todo um contexto histórico e afetivo relacionado ao rosto que, nas ruas, pode ser o mais visto, porém, o menos retratado. Há um belo muito mais profundo nesta história”, diz o artista.

Além dos desenhos e pinturas de Marcell, máscaras, grafite, cerâmicas de negros e orixás e esculturas de cabaças desenvolvidos pelos artistas Rony, William Mota (O marginal), Romeu e Marinho, respectivamente, farão parte da mostra. O Quinteto de Metais de Betim fará show de abertura no dia 10 e, no dia 17, o show de Zulu (voz e violão) vai ser a atração musical da noite. Também no dia 17, o livro “Zumbi”, de Jonathan Wagner, será lançado ao tom de leitura de poesias.

A 1ª Exposição Kizomba de Arte poderá ser vista até o dia 27 de novembro, das 10h às 18h, de segunda a sexta-feira, no Museu e na Biblioteca.


Semana especialPara comemorar o Dia da Consciência Negra (20), a Prefeitura de Betim e a PUC Minas-Betim prepararam uma programação especial entre os dias 3 e 7 de novembro. Palestras, mesas redondas, vendas de livros, oficinas, exposições de arte, vídeo-debate e workshop fizeram parte da programação. No sábado, 7, guardas de congado se reuniram para a saudação à Bandeira de Zumbi e à Capela. Eles fizeram o cortejo partindo da PUC até o terreno da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, onde participaram da Missa Afro.

O músico Babilak Bah (BH), a Roda de Capoeira da Federação Internacional de Capoeira Angola Hall Mestre Jurandir (Fica), a Cia Baobá, a Associação Cultural Eu Sou Angoleiro, o Instituto de Arte e Cultura Yorubá e Rafa DMCS – Hip Hop foram os convidados da I Semana.


Patrimônio
O congado em Betim está em fase de registro como patrimônio cultural imaterial. A manifestação cultural mais antiga do município, desde 1814, ano que consta nos primeiros registros encontrados, vai ganhar um dossiê contendo fotografias, vídeos, depoimentos e entrevistas. Depois que todos esses documentos estiverem reunidos, o congado ganhará o título de Patrimônio Cultural de Betim, previsto pela Lei Municipal Nº 2.944/1996. De acordo com a diretora de Planejamento e Pesquisa da Fundação Artístico-Cultural de Betim (Funarbe), Leila Íris Borges, a medida vai permitir o investimento específico por parte do poder público para essa manifestação. “Vamos incentivar e investir nessa cultura que é tão rica e faz parte da história do nosso município para que ela não corra o risco de desaparecer”, pontuou a diretora.