Eleição do CODISAB

O SISTEMA DE SAÚDE E SEUS DESAFIOS.

Wilton Presidente CMS, Renata Gerente Distrital, Ilda Secretária Geral, Gentil Presidentee Silvânia 2a Secretária

"O bater de asas de uma borboleta pode influenciar o curso natural das coisas" 

Tradicionalmente, nas eleições Distritais de Saúde do Barreiro, havia uma harmonia entre os seguimentos de Trabalhadores e de Usuários da Saúde, uma vez que todos são usuários do SUS Sistema Único de Saúde. As eleições de renovação da mesa diretora não seriam diferentes em 2016, não seriam. 

Um acordo havia sido costurado entre as partes, o presidente eleito seria Usuário e a Secretaria Geral, Trabalhador. Para não perder o espírito esportivo, os usuários sofreram um ippon e o destino, certeiro, o tatame. 


          Não restou dúvidas de que o processo foi lícito e seguiu os trâmites legais, embora moralmente duvidoso, já que os fins são conflitantes. Momentos antes da votação houve reunião de emergência entre gestores, convocada pela gerência distrital, que orquestrou a destinação dos votos. Quanto aos trabalhadores, num piscar de olhos, correu a notícia de que "queriam que a Secretaria Geral se transformasse em presidência do conselho". Mas quem o quis com tamanho afã tornou-se uma incógnita! Quem queria o quê? E por que o queria com tanta dedicação e desenvoltura?




Os conselhos são paritários, vinte usuários, dez gestores e dez trabalhadores. Nesta corrente os elos mais frágeis são usuários e trabalhadores, o que justifica a consonância entre eles para cobrar do gestor a execução e o cumprimento de suas obrigações. A parceria entre gestor e trabalhador é benéfica ao primeiro, já que está na condição de insubordinação ao segundo, a dependência inibe, sobremaneira, ações enérgicas do conselho, assim sendo, o acordo firmado poderá prejudicar os avanços sociais.

         O gestor tem objetivos claros, é o mantenedor do sistema, quanto menos pressão sobre sua cabeça tanto melhor para sua visibilidade junto aos eleitores. Os Trabalhadores estão inseridos no sistema, são parte do processo coordenado pelo gestor, seus objetivos passam pela qualidade do serviço prestado, o que é inerente à qualidade de vida: trabalhador satisfeito irá produzir mais e melhor.

            Os usuários sabem que falta remédio no posto, e que, inexplicavelmente, pode ser comprado na farmácia popular. Tem ciência de que uma consulta especializada pode demorar e que faltam médicos, enfermeiros, porteiros, faxineiros e guardas municipais. Mas lhe falta o ziriguidum, o balacobaco, o borogodó das articulações políticas e acaba cedendo às insinuações de seu gerente local, de seu líder político e se esquece de que está numa disputa de seguimentos da saúde e coloca o gambá vigiando os ovos da galinha, desta forma, falta consciência política e social ao recém chegado usuário da saúde.

Victor Campos, Elias Lourenço, Rômulo Venades e Reginaldo Silva

      Um pacto entre gestor e trabalhador é menos traumático para a gestão do que um acordo com usuário. O Trabalhador está subordinado ao processo e tem o que perder, Usuário consciente tem liberdade para fazer valer seus direitos, pode transformar o sistema, logo, uma ameaça ao Status
Quo.


O resultado das eleições deixou claro, de um lado e outro, que a capacitação de conselheiros desde a sua comissão local é uma necessidade, e que a fragilidade do processo pode ser percebida quando a máquina é utilizada por uma das partes, o que conduz, indubitavelmente, ao retrocesso ou enfraquecimento de todo o sistema, ocasionado pelo desequilíbrio entre as  forças; ter um grande número de conselheiros em um seguimento nem sempre significa resultado positivo nas urnas.

 
Concluindo, pois, o processo de eleição transcorreu dentro da legalidade, como dito anteriormente, mas o peso na balança foi desproporcional, uma vez que o conhecimento aplicado por cada um dos seguimentos foi desigual, causando um desequilíbrio na balança. Os efeitos podem ser caóticos, já que o beneficiário do SUS está à margem do processo de  negociação.

Rômulo Venades