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sábado, 12 de maio de 2012

Ocupação Eliana Silva - Barreiro


OCUPAÇAO ELIANA SILVA, PRESENTE!

Eu ia escrever um artigo relatando o que ocorreu na desocupação Eliana Silva, a partir do olhar de quem esteve la desde as 4 horas da manha. O belíssimo artigo do Frei Gilvander  abaixo,  me satisfaz plenamente. Assim, escrevo algo mais pessoal.  
Provavelmente, vocês nunca viram 350 famílias lutarem pelo direito mínimo de um ser humano: ter onde morar. A ausência deste direito retira nossa dignidade, nossa referência, nosso chão. Sem isto, sem endereço não se encontra trabalho.  Não se consegue identidade. Não existe. Em apenas 21 dias de ocupação, vivenciamos a mudança de comportamento das pessoas: solidárias, seguras de seus direitos, constroem um coletivo. Sentiam-se como GENTE com direitos e deveres. São estas pequenas vitorias que mostram como o povo trabalhador ao conseguir pela luta seus direitos, se transformam. Não ficam esperando doações de caridade ou do Estado. A maioria das famílias ficou anos na fila de programas de moradia. Agora já sabem que um país que dedica 45% de seu orçamento para pagar o sistema financeiro e apenas 2,9% para educação, 3,9% saúde (dados de 2010), não é um país sério.
E, de outro lado, estamos vendo o Brasil se transformar na 6ª economia do mundo. E, divulgar que tem um dos homens mais rico do mundo que, a partir de 2011mais cinco homens brasileiros passam a compor o rol dos 500 mais ricos do mundo. Não é preciso ir longe para ver mansões, carros luxuosos com motoristas. Este seguramente, não é o país de nossos sonhos.
 E, fico com uma tristeza imensa quando vejo a maior parte dos antigos companheiros de luta, que acreditavam em um mundo diferente,  assumirem a ordem capitalista, destruindo o que estas famílias construíram, jogando-as nas ruas. Esquecem suas historias quando nos anos 60, 70, 80 e 90 faziam estas mesmas lutas. Esquece-se que vários petistas atuais, moram em ocupações conquistadas naquela época. A tristeza de ver do outro lado da barricada, bancando a inflexibilidade do estado, apoiando as forças policiais pessoas que já acreditaram no movimento social.
Outra questão chocante, é a noticia de que não houve violência.  O que é a violência? É a morte, a lesão física?
Eu vi  violências inimagináveis. Depois de ter convivido com estas famílias durante o período de construção dos barracos, vi como se desenvolvia ali novas relações embasada pela solidariedade. Vivenciamos o desenvolvimento de uma comunidade. Isto é que foi destruído. Esta é uma violência inimaginável.
Mas, vi outras violências: um casal de 79 anos que tinha ali colocado sua esperança de ter uma casinha sua, sendo colocado ao relento. Várias jovens mães, com bebes no colo, enfrentando a policia. Vi uma mulher que indignada quando levaram o botijão e o fogão da cozinha coletiva, correu atrás e tomou o botijão e, só não foi espancada mais porque todos entraram no meio. Vi os apoiadores da comunidade Camilo Torres e de outros movimentos sociais, fazerem uma manifestação e serem agredidos, recebendo  spray de pimenta nos olhos atingindo inclusive varias crianças que estavam pertos.
A violência de ficar durante todo um dia e a noite,  cercada por todos os lados com a polícia a cavalo, batalhão de choque, Gate (Grupamento de ações táticas especiais), helicóptero equipado para a ação e dando vôos razantes. Cercaram toda a comunidade. Não podia entrar nem sair. Assim, até o direito burguês de ir e vir, foi cerceado. Foi procurando valer este direito que vivenciei dois atos de violência física.
O primeiro, em torno de 9horas quando o companheiro pataxó Jean Carlos Pereira e eu retornávamos à Comunidade Eliana Silva, de onde tínhamos saído às 7 horas da manha e onde era o nosso lugar. Ao insistirmos em entrar algemaram e prenderam o índio Jean. Como eu estava junto, entrei no meio e perguntei por que o prendiam. Resposta: desacato a autoridade. Mas, era a mesma situação minha? Entrei na frente, tomei os dados do Jean, argumentei, mas, o levaram. Prisão provocada pela discriminação: índio, negro e pobre neste pais não tem vez.
O segundo, quando dezenas de apoiadores que estavam de fora, resolveram buscar um caminho alternativo para entrar na comunidade. A polícia percebeu o movimento, foi e barrou. Porem,  4 de nos conseguimos passar. Ao chegarmos por trás, os policiais que estavam dentro da comunidade, nos cercaram. Como insistíamos em ficar, 2 policiais me jogaram no chão, subiram em cima de mim, forçando minha cabeça no chão e com as mãos para trás, para colocar a algema. Imediatamente, todos que estavam lá, incluindo os advogados, parlamentares e o Frei Gilvander entraram e conseguiram me resgatar. Fiquei com o corpo todo doendo, com os braços arranhados, a roupa imunda e os óculos quebrados.

ISTO TUDO NAO É VIOLENCIA?

Mais do que nunca precisamos fortalecer a rede de solidariedade, pois derrubaram as barracas, mas não retiraram a vontade de luta. As pessoas permanecem no local. 

TODO APOIO AO MLB, MOVIMENTO QUE COORDENA A OCUPAÇAO

VIVA A LUTA DO POVO QUE RESISTE!!!

VIVA A OCUPAÇÃO ELIANA SILVA!!!


Maria Dirlene Trindade Marques

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